|
"[...] talvez haja, realmente, um sentido bastante razoável em eu escrever um pequeno texto para relatar aos leitores e às leitoras o meu sentimento sobre este livro. Desde os anos 80 tenho me batido pela adoção de uma "mentalidade" (algo mais amplo que "abordagem", "teoria" etc.) que esteja comprometida com o pluralismo temático, e mais: de um ponto de vista ético-político, que esteja comprometida com a convicção de que a superação da heteronomia e a emancipação humana passam, necessariamente, por muito mais do que por uma eliminação da exploração de classe. Passam, com efeito, pelo enfrentamento de todas as formas de opressão e intolerância: patriarcado e machismo, racismo, homofobia etc. Isso, que já é algo praticamente estabelecido em outras Geografias - e que reflete, também, as conquistas que as mulheres, as minorias étnicas, os homossexuais etc. vêm alcançando nos marcos de outras "geografias", de outros espaços -, começa, agora, a ser forte e sistematicamente concretizado no Brasil.
E o grande mérito vai, no que se refere à reflexão sobre a interface gênero/espacialidade, sem dúvida, para o esforço pioneiro de Joseli Maria Silva [...] mesmo sem ser um profundo conhecedor ou estudioso sistemático dos temas que este livro aborda, me sinto à vontade para recomendá-lo: pela lacuna acadêmica que ele ajuda a preencher, mas também pela relevância das discussões aqui contidas, de um ponto de vista político-emancipatório. Novos territórios e novas territorialidades, novas ou renovadas identidades de lugares e com lugares, novos ou renovados diálogos e articulções: é disto que trata este livro. E isto é que dele faz uma leitura importante para todas aquelas e todos aqueles efetivamente preocupados com o mundo em que vivemos." |